19 May 2019 11:21
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<h1>Glória Sem Poeira</h1>
<p>Em maio passado fiz fração de uma banca de doutorado pela USP. A tese era a respeito John Milton, o candidato era Martim Vasques da Cunha e na altura citou duas coisas que já repito. A primeira era que o autor não tinha só escrito uma tese de doutorado em Ética e Filosofia Política. Ele tentava elaborar uma obra —passo a passo, de agonia em agonia— e a meditação a respeito do pensamento político de John Milton era uma continuidade em relação a um livro anterior sobre o assunto Thomas More.</p>
<p>É viável que a modernidade, e a era das "ideologias" que ela destacou, tenha esquecido essa categoria ética fundamental. A linguagem política, pelo menos a partir de Maquiavel, passou a cuidar dos defeitos "exteriores" à existência dos homens. Quais os limites da ação governativa? Quais os direitos que assistem aos governados? O que é um regime legítimo? E o que fazer com um regime ilegítimo? Maquiavel não foi citado por sorte. O que esse monstruoso pensador fez (e "monstruoso" em diversas dimensões da expressão) não foi apenas uma cisão entre a moralidade cristã e a moralidade pagã, como citou Isaiah Berlin.</p>
<p>Maquiavel foi ainda mais retirado —e por aqui Quentin Skinner é mais sagaz do que Berlim: ele operou uma cisão dentro da própria moralidade pagã. No momento em que o florentino, em "O Príncipe" ou nos "Discursos", faz uma apologia da "virtù" clássica, ele não está a prestar a sua homenagem aos antigos (como Cícero, tendo como exemplo). Pra Maquiavel, "virtù" era neste instante um aparelho para "mantenere lo Stato" —um instrumento que legitimava a dureza, a lorota, a dissimulação.</p>
<p>E essa "ordem da alma", que é um empenho pré-político e sem a qual a "res publica" será a toda a hora um regime degenerado? Pois que bem: não há duas sem 3. Depois de Thomas More e John Milton, Martim Vasques da Cunha escreve a respeito do Brasil por meio de alguns nomes "canônicos" da tua literatura.</p>
<p>É um problema ler "A Poeira da Glória" (título) como uma "inesperada história da literatura brasileira" (subtítulo). O centro do autor não é a literatura; é, como a toda a hora, as consequências éticas e políticas que a inexistência de "independência interior" nos escritores brasileiros provocou no nação. Isso é percebível em autores tão intocáveis como Machado de Assis, Oswald e Mário de Andrade - e até em Guimarães Rosa, um gênio da frase que se ficou somente por um "pacto diabólico" com as frases.</p>
<p>Todavia, se assim sendo foi, onde reside a dificuldade do "esteticismo" exclusivo? Conquistar Uma Mulher Penoso: 3 Segredos Infalíveis , esse "esteticismo" exclusivo tem implicações pessoais, sociais e políticas que resultam do abismo entre a realidade e a fantasia que vários escritores tomaram como realidade. Esse "baile de máscaras" começa por embotar o próprio autor —e são pungentes, a título de exemplo, os textos confessionais de Lima Barreto— o teu "ennui" e o seu sentimento de "covardia". Ou, como Gonzaga de Sá comunica a Machado, haverá maior inferno do que estarmos apenas condenados a "girar em volta" de nós próprios —como se fôssemos a idiota pela jaula do notável poema de Rilke?</p>
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<li>Um calcinha sua,</li>
<li>um de outubro de 2016 às 12:34</li>
<li>Ap-tchagui - Chute Em Seu Livro, Valesca Popozuda Bate papo sobre Relacionamento Abusivo: 'Recebi Ameaça De Morte' o joelho</li>
<li>Desenvolva o seu potencial sedutor</li>
<li>Grande Criancinha, Pequena Mulher (Uptown Girls)</li>
<li>A todo o momento tenha uma call-to-action bem estabelecida</li>
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<p>Contudo existem bem como implicações sociais. Porque um autor podes subestimar o real com o seu respectivo real. Infelizmente, o primeiro não desaparece com o segundo. Habitar o mundo é habitar os dilemas Simpatia Para Arrumar Namorado . A pergunta é óbvia: como suportar com tais desafios quando o único "músculo" que temos é estético e não ético? A resposta típica do intelectual é o ressentimento: tentar descobrir "lá fora" (nos pares, na "população", até em Deus) o que ele foi incapaz de descobrir "cá dentro". É um livro que nos surpreende, intriga questiona - e algumas destas inquietações estão no diálogo mais abaixo com o autor.</p>
<p>Todavia uma coisa parece-me evidente: não será mais possível sonhar as letras Prostituição Pela Grécia Antiga defrontar a poderosa e fascinante interpretação que Martim Vasques da Cunha publica a respeito. Você interpreta a "intelligentsia" brasileira como dominada pelo esteticismo, desprezando as dimensões éticas e transcendentais da vida. Ausência explicar o essencial: já que motivo há essa preferência pelo esteticismo?</p>
<p>Desse modo você quer que eu conte a vasto surpresa do livro para os leitores (risos)! Você é capaz de falar um modelo —da literatura brasileira ou universal— em que uma grande obra literária surge despojada de qualquer propósito moral? Claro que sim —inclusive eu até gosto de diversas delas, entretanto a todo o momento fico com um pé atrás. ]. Pela literatura universal, podemos continuar com o simbolismo de Mallarmé, alguma coisa impressionante em termos estéticos, no entanto que não tem aquela fagulha que socorro o sujeito a confrontar as ambiguidades da vida.</p>
<p>Tua observação de Machado de Assis é duríssima e a acusação é implacável: Machado era um fingidor, que usava o véu estético pra ocultar quem era. Você não encontra que é possível expor o mesmo sobre isso Fernando Pessoa? Você deposita uma extenso fé no poder da cultura como promotora das virtudes cardeais.</p>